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Reinos da África pré-colonial

  • africaprecolonial
  • 9 de out. de 2015
  • 6 min de leitura

A África dos grandes reinos e impérios

Como vimos no texto anterior, antes de os europeus escravizarem os africanos, a partir do século XV, e colonizarem a África, no século XIX, diversas sociedades autônomas já existiam nesse continente, ou seja, as sociedades africanas já tinham a sua própria história. Algumas sociedades africanas pré-coloniais, sob o comando de chefes poderosos, ampliaram suas áreas de influência e dominaram outros povos, transformando-se, assim, em impérios e reinos prósperos e organizados, conforme relatos da época. Vamos falar sobre quatro dos grandes reinos africanos: Gana, Mali, Congo e Benin, mas antes faz-se necessário conhecer um pouco mais do retrato físico deste continente.A diversidade social, política e cultural da África ocorreu graças à extensão do continente e suas características geográficas.

A África é cercada a nordeste pelo mar Vermelho, ao norte pelo Mediterrâneo, a oeste pelo oceano Atlântico e a leste pelo oceano Índico. Em termos geográficos, suas principais marcas são o deserto do Saara ao norte que divide o continente, o deserto do Calahari a sudoeste, a floresta tropical do centro do continente, as savanas, ou campos de vegetação esparsa e rasteira, que separam áreas desérticas de áreas de florestas, e algumas terras altas, como aquelas nas quais nascem os rios que formam o Rio Nilo. Os rios são os meios de comunicação mais importantes do continente.

Essas diversidades naturais levaram estudiosos a falar de duas Áfricas, demarcadas pelo deserto do Saara: a África saariana que se localiza ao norte do continente e estende-se pela região que vai do atual Egito até Marrocos e a África subsaariana que estende-se do Saara até o Cabo da Boa Esperança, ao sul do continente, como podemos ver no mapa abaixo que representa a atual divisão territorial da África. O reino de Gana: a “terra do ouro”Localizado a oeste do continente africano, em uma zona chamada Sael e ao sul do Deserto do Saara, região também conhecida como África Subsaariana, o Reino de Gana cresceu a partir do ano 300 e teve seu apogeu entre os séculos IX e X, quando dominou os povos vizinhos e ocupou uma faixa territorial maior do que ocupa nos dias de hoje.O rei recebia o título de gana e era visto como elo entre os deuses e os homens. Ele liderava um poderoso exército e ocupava o topo de uma sociedade hierarquizada. Sacerdotes, nobres e funcionários cuidavam da administração do reino.A população se dedicava à agricultura e à criação de gado, mas o comércio era a principal atividade econômica do reino. O Reino de Gana controlava as rotas de comércio que atravessavam o Saara e chegava às cidades e aos portos do norte África. Esse comércio era feito por meio de caravanas de camelos, pois esses animais conseguem viver com pouca quantidade de água.O principal artigo transportado era o ouro retirado das minas do sul de Gana, isso explica por que seus reis eram chamados pelos povos do norte de “senhores do ouro”. Durante o domínio português, Gana era chamada de Costa de Ouro, por causa da grande quantidade de jazidas de ouro nessa região. Atualmente, ao lado da exportação de cacau e de madeira, a exploração de ouro ainda é uma das atividades econômicas mais importantes do país. Gana é um dos maiores produtores de ouro do mundo.Também se comercializava o sal, extraído das salinas do litoral ou das jazidas no deserto. Do norte vinham produtos manufaturados, tecidos europeus asiáticos, barras de cobre, contas de vidro e tipos diferentes de arma que abasteciam as sociedades africanas.

O império do Mali: o “lugar onde o senhor reside”Este império desenvolveu-se entre os séculos XIII e XVI, período em que impôs sua hegemonia sobre a bacia do Rio Níger. Constituído pela atual República de Mali e algumas regiões dos atuais Senegal e Guiné, o reino do Mali, no século XIV, expandiu-se por meio da anexação das cidades de Tombuctu, Gao e Djenne que foram importantes cidades, centros de troca e de concentração de pessoas, graças à rede de rios que fertilizava as terras e facilitava o transporte na região.O Mali era um império poderoso, pois controlava o comércio transaariano e as rotas caravaneiras que se dirigiam para as principais cidades do reino, localizados em sua maioria às bordas do Rio Níger, semelhante a rota comercial de Gana. O comércio e principalmente as taxas sobre o tráfico de ouro, sal, escravos, marfim, noz-de-cola e outros produtos eram fundamentais para a manutenção do Estado, da corte e do mansa. O artesanato era bastante desenvolvido. Cada grupo de artesãos tinha seu representante junto ao imperador. Os governantes do Mali recebiam o título de mansa. Viajantes árabes relatavam histórias de alguns governantes que se tornaram famosos, como Sundiata, herói fundador que reinou de 1230 a 1255, e Mansa Musa, que governou entre 1312 e 1337.

Reino do Congo: “saudações ao manicongo”

Fundado no século XIV, o reino do Congo abrangia grande extensão da África centro-ocidental e se compunha de diversas províncias, governado por um rei que recebia o título de Manicongo. Hoje a região que fazia parte do reino Congo, recebe o nome de Republica Democrática do Congo.Os habitantes do reino do Congo organizavam-se em vários clãs. Esses clãs eram compostos de pessoas que acreditavam descender de um mesmo antepassado.

A base da economia do Congo era a agricultura, pastoreio e o comércio. O comércio no território do Congo era intenso, os comerciantes congoleses lucravam com a comercialização de tecidos, sal, metais e derivados de animais, como o marfim. O comércio poderia ser à base de trocas ou com moedas (conchas chamadas de nzimbu) encontradas na região de Luanda em Angola.

O manicongo, cercado de seus conselheiros, controlava o comércio, o trânsito de pessoas, recebia impostos, exercia a justiça, buscava garantir a harmonia da vida do reino e das pessoas que viviam nele.

Os limites do reino eram traçados pelo conjunto de aldeias que pagavam tributos ao poder central, devendo fidelidade a ele, recebendo proteção, tanto para assuntos deste mundo como para os assuntos do além, pois manicongo também era responsável pelas boas relações com os espíritos e os ancestrais.

Em 1483 iniciou no reino do Congo o contato com os portugueses. Reino do Benin: “os feitos de obá”Há indícios de que este reino tenha se desenvolvido entre os séculos XII e XIII, onde hoje estão Nigéria e Camarões. Desde cedo, essa região passou por um processo de urbanização, e as cidades se converteram em reinos. Sua localização favorecia o encontro de mercadores.A principal atividade econômica do reino de Benim era o comércio de sal, peixe seco, inhame, dendê, feijão, animais de criação, o cobre, produto raro, só possível para os mais poderosos, ou seja , os mais ricos. Produtos como pimenta, marfim, tecidos e escravos eram comercializados ativamente com os reinos de Ifê e o reino Iorubá. Para prevenir a redução da população nativa, o governo proibiu a exportação de escravos masculinos e os importou da África ocidental para comerciá-los com os europeus a partir do século XVI.Cronistas descreveram a cidade do Benin com grandes muralhas e um palácio decorados com placas de latão presas às paredes. Nessas placas, era contada a história do reino: feitos do obá (titulo do principal chefe do reino que se tornou o supremo poder na região), as caçadas, as guerras e os primeiros contatos com os portugueses, por volta de 1485. A chegada dos europeus foi registrada pelos artistas africanos com imagens esculpidas nessas placas e em pequenas estatuetas de marfim.

O contato entre os reinos africanos

A interação destes reinos acima estudados, e demais reinos africanos ocorreu através do comércio, ora através de relações pacificas , ora conflituosas, como foi o caso do reino de Gana que no século XIII foi governado por Sundiata Keita, rei do Império do Mali.

Quando os europeus começaram a explorar a costa africana, no século XV, encontraram diferentes povos, com línguas, tradições e costumes distintos. O contato dos europeus com essa diversidade de etnias, por meio da exploração das terras africanas e do escravismo, produziu um intercâmbio cultural que se pode notar em quase todo o planeta. No Brasil podemos reconhecer a África na capoeira, embalada pelo berimbau; a culinária, enriquecida com o vatapá, o caruru e outros quitutes; as influências musicais do batuque e a ginga do samba e dos instrumentos como cuícas, atabaques e agogôs. Estamos ligados ao continente africano de forma indissolúvel.

http://m.brasilescola.com/historiag/africa-precolonial.htm


 
 
 

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